Beatriz Fagundes:Balanço dos cem dias.
10/04/2007
Panfleto será distribuído hoje pela oposição ao governo Yeda.
Hoje a governadora Yeda vai fazer um balanço de seus primeiros cem dias de governo, mas a oposição também está lançando material para marcar a data. O material é explosivo e nele aparece uma administração voltada integralmente para o capital que ignora os servidores e os contribuintes. As pessoas, portanto. Um governo com referencial exclusivamente movido pela lógica do capitalismo sem preocupações sociais. O embate vai dar o tom da eleição que se avizinha. Para os partidos – todos, mesmo os aparentemente de “situação” –, seja na União, no Estado e, especialmente, nos municípios, é importante vencer em 2008 para azeitar a candidatura de 2010 para governador e presidente. As cobranças a Yeda são as seguintes:
Apagão nos
serviços públicos
Educação: iniciou a administração sem resolver o problema da falta de professores e funcionários nas escolas e sem previsão de transporte escolar. Saúde: até agora nenhum tostão para a saúde. Hospitais fechando, servidores em greve e portadores de doenças crônicas como fibrose cística, esclerose múltipla, transtorno mental, hepatite e outras sem acesso a medicamentos especiais garantidos por lei e que são de atribuição do Estado. Cultura: a TVE e a Rádio Cultura em total desencontro. Mais uma vez a direção é partidária, impedindo um trabalho de qualidade e com bom desempenho público.
O material contra o
governo é consistente
Segundo o panfleto que será distribuído hoje pela oposição ao governo Yeda, seu único desejo é aumentar impostos, sacrificar o funcionalismo – o atraso na folha tira argumentos da “situação” – e, principalmente, não querer vencer a crise. Veja o que a governadora já podia ter feitos nestes cem dias e não fez: a) Cancelar os benefícios que o Estado dá para empresas que, mesmo com lucros gigantescos, não pagam impostos; b) Cobrar sonegadores: segundo o sindicatos dos trabalhadores da Fazenda, o Estado deixa de arrecadar R$ 1,5 bilhão por ano em impostos sonegados. Somando com os cerca de R$ 5 bilhões de isenções fiscais, o Estado abre mão, por ano, de R$ 6,5 bilhões.
Enquanto isso no
PMDB municipal
Uma declaração do deputado Berfran Rosado (PPS), sugerindo que os partidos que irão apresentar candidato a prefeito em Porto Alegre numa concorrência frontal com o futuro ex-candidato à reeleição José Fogaça abandonem os cargos, levou o PMDB a deliberar o que segue. Primeiro, seu diretório municipal não acha nada de mais em ser governo e ao mesmo tempo adversário. Segundo, o vereador auto-candidato Sebastião Melo foi lançado no mármore do inferno e sequer mencionado pelo presidente Antenor Ferrari. O partido oferece aos eleitores da muy leal e valorosa Mendes Ribeiro Filho – que já tentou em 2004 e foi um fiasco –, Ibsen Pinheiro, Eliseu Padilha e Fernando Záchia. No episódio, a coluna deseja apoiar e louvar o deputado Berfran Rosado pela coerência política. O PMDB de tantos candidatos podia ao menos explicar: como consegue integrar o governo Lula, o governo Yeda e o governo Fogaça? A pergunta se estende a quase todos os partidos. Num mundo de coalisões criticar, cá, lá e acolá, com que cara? Segundo um observador político, o Berfran vai ficar “falando sozinho” e serve como escopo do partido para continuar negociando cargos etc... Seria o mesmo papel deprimente do Sebastião... Que tempos!
Operação “Força Total”
Foram 41 lojas, desmanches e ferros-velhos visitados pela Receita Estadual, Polícia Civil, Brigada Militar, Bombeiros, Smic, EPTC, Dmae e DMLU. Sem alvará de funcionamento, peças, milhares delas sem qualquer procedência, motivaram o confisco e lacre dos estabelecimentos clandestinos e com operações sabidamente criminosas. Uma boa parte deles atua no comércio de roubo de fios e peças de automóveis. A maioria absoluta é fruto de assaltos, roubos e furtos. Parabéns ao integrantes da força integrada, Estado e município, que participaram da megaoperação. As pergunta são: quantos presos temos hoje no Presídio Central? Quantas destas lojas estão realmente lacradas? Afinal, algumas delas já foram “pseudamente lacradas” no início do ano e continuaram funcionando. Respeitando absolutamente os participantes da operação, não nos caberia perguntar, afinal, quem são os clientes destes “estabelecimentos”, que nos conseguem uma peça que custa 500 “paus” no mercado formal por cem “pila” na encomenda? Se essa parte do sistema não for debatida, discutida e resolvida continuaremos a assistir nossas autoridades policiais no exercício infindável de “secar gelo”. Perdemos muita energia e material para nada. Isso não significa que não se reconheça a demonstração de capacidade e de vontade objetiva de nossos órgãos públicos em cumprir a lei. Parabéns a eles, portanto. Segundo um integrante da operação, enquanto o registro policial identificava um dos meliantes dos ferros-velhos, dois advogados já adiantavam que ele não se preocupasse, pois o seu “hábeas” seria “moleza”. Daí não dá, né? O último que sair apague a luz.
Notícias do Jornal O Sul do Dia 10/04/2007
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