Porteira Fechada
29/08/2007
Por trás da comemoração do governo com o resultado da votação que manteve o veto da governadora Yeda Crusius à verba de representação para os defensores públicos não está apenas a economia que o Tesouro fará ao impedir um reajuste de 37,5% para 424 pessoas. O governo temia a derrubada do veto porque abriria a porteira a outros aumentos numa hora em que não há dinheiro sequer para o pagamento em dia dos salários.
O secretário da Fazenda, Aod Cunha, que diz não ter sido consultado quando o Palácio Piratini deu sinal verde para a aprovação do projeto, uniu-se ao chefe da Casa Civil, Luiz Fernando Záchia, para pressionar os deputados da base aliada a manterem o veto. O governo preferiu ficar com a imagem de incoerente a perder argumentos diante da pressão de outras categorias de servidores. Admitiu que errou na época da votação do projeto e colocou os secretários em campo para manter o veto.
Para convencer os deputados, Aod advertiu que a derrubada do veto poderia comprometer até o empréstimo que o governo está negociando com o Banco Mundial para a reestruturação da dívida. Seria um sinal da incapacidade de evitar novos aumentos de gastos com pessoal, que já consomem mais de 70% da receita líquida.
Mantido o veto, o Piratini enfrentará agora a ira dos defensores públicos, que ganham metade do salário de um juiz ou de um promotor em início de carreira e tiveram reajuste inferior à inflação nos últimos anos. Na saída da sessão, já fora do prédio da Assembléia, os defensores combinavam uma "reação dura" à decisão dos deputados.
Fonte: ZH 29/08/07
Rosane de Oliveira - Página 10 -
|
|