Governo recorre a tática arriscada
14/11/2007
Para adiar a votação do plano, Executivo tentará retirar quórum e enfrentará resistência na base
O governo do Estado testa hoje sua capacidade de articulação política. Depois de 40 dias negociando com a base aliada, cada vez mais fragmentada, o Executivo precisará recorrer a tática arriscada: retirar o quórum do plenário para evitar que o Plano de Recuperação do Estado seja votado pela Assembléia Legislativa na sessão desta tarde. Para adiar a análise, o governo precisa garantir que não estejam presentes 28 deputados, número necessário para iniciar a apreciação. Caso a ausência estratégica de quórum não se confirme, restará somente uma opção, ainda mais perigosa, que consiste na apresentação de requerimento solicitando a retirada do conjunto de medidas da pauta. Porém, o documento precisa ser aprovado pela maioria em plenário. Se os dois movimentos falharem, a votação ocorre hoje.
A decisão de adiar para a próxima terça-feira a votação do plano foi adotada pelo governo a pedido do PMDB, do PPS, do PP e do PTB, partidos aliados que reivindicaram mais tempo a fim discutir e alterar a proposta. Ontem pela manhã, os partidos de oposição negaram acordo unânime de líderes, que possibilitaria o adiamento. Além de impedir o consenso, desde ontem à tarde, os partidos da oposição estão realizando contatos com aliados resistentes à proposta, com o objetivo de convencê-los a permanecer no plenário.
O PT conta com dez deputados; o PSB, com dois; o PC do B, com um; o PDT, com sete; e o Dem, do vice-governador Paulo Afonso Feijó, com três. Do total de 23 parlamentares, 22 deverão estar na sessão de hoje. Entre os 32 deputados aliados, conforme cálculos de articuladores do governo, até ontem à noite, oito cogitavam se unir à oposição. A abertura da sessão estaria garantida, assim, com 30 presentes. O número poderá ser ainda maior, pois, apesar de votar somente em caso de empate, a presença do presidente Frederico Antunes também acaba contabilizada.
Para reverter o quadro desfavorável, articuladores da governadora Yeda Crusius dedicaram o dia de ontem a reuniões com parlamentares na Casa Civil e na Assembléia Legislativa, além de contatos telefônicos. A última tentativa de negociação antes que os projetos cheguem ao plenário ocorre hoje, a partir das 9h, em reunião com o chefe da Casa Civil, Luiz Fernando Záchia, e com o secretário da Fazenda, Aod Cunha de Moraes Júnior. Foram chamados para o encontro representantes dos cinco partidos que integram a base de sustentação do governo: PSDB, PMDB, PP, PPS e PTB. Na reunião, o Executivo tentará comprovar a necessidade de aprovação do plano para o futuro do Rio Grande do Sul. Como principal argumento para protelar a votação, o governo pretende demonstrar disposição em alterar alguns itens do conjunto de medidas, atendendo a sugestões de parlamentares, partidos, entidades sindicais e da cadeia produtiva gaúcha.
Fonte: CP
data:14-11-07
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