Líderes propõem saídas para a crise
29/01/2008
Na terra em que a crise financeira sufoca o poder público enquanto as oportunidades econômicas crescem em todo o país, a fórmula para um salto de desenvolvimento do Rio Grande do Sul passa pela elaboração de uma agenda positiva, voltada para o futuro, que reúna a maioria dos gaúchos em torno de um consenso mínimo.
Essa foi a principal conclusão do Painel RBS, novo espaço de debate promovido por veículos do Grupo RBS que teve a primeira edição realizada ontem pela manhã na sede da empresa, em Porto Alegre. Chamados a discutir o papel dos líderes gaúchos no cenário nacional, os ministros Tarso Genro (Justiça) e Dilma Rousseff (Casa Civil), ambos do PT, e o senador Pedro Simon (PMDB), demonstraram que a convergência de opiniões para solucionar os problemas do Estado é um desafio.
Por duas horas, cada um dos três painelistas apresentou caminhos para tentar solucionar os impasses gaúchos ao responder a perguntas dos jornalistas André Machado, David Coimbra e Rosane de Oliveira, com mediação de Ana Amélia Lemos. Simon defendeu uma cruzada por recursos federais e, fazendo brincadeiras com os outros integrantes do painel, descontraiu a platéia formada por líderes empresariais, autoridades e dirigentes e profissionais da RBS. O senador listou antigas reivindicações que não foram atendidas pela União.
- O governo federal é um poderio imperial. Ele está com todo o poder, todo o dinheiro. Os governadores e os prefeitos vão lá e pedem a bênção - disse Simon no programa transmitido ao vivo por rádio, TV e internet.
Citando números e listando investimentos federais no Estado, Dilma afirmou que a gestão Luiz Inácio Lula da Silva não pode ser responsabilizada pela crise gaúcha e condenou a forma como o Rio Grande do Sul tem levado seus pleitos a Brasília. Segundo a ministra, as demandas gaúchas são fragmentadas e, muitas vezes, tratam de temas comuns a outros Estados. Assim, conforme Dilma, não haveria como atender aos pedidos do Estado sem fazer o mesmo em relação a outras unidades da federação:
- Dificilmente a União assumirá um gasto que repercuta de forma muito significativa sobre os Estados.
Yeda Crusius defendeu o entendimento político
Para a ministra, em vez de olhar o passado, a melhor estratégia para os líderes gaúchos é concentrar esforços em garimpar negócios gerados pelo crescimento econômico. Ela ressaltou que novas oportunidades vão surgir.
A ministra se preocupou em falar diretamente à iniciativa privada:
- O governo está aberto a qualquer proposta que implique investimentos no Estado, criação de investimentos aqui. Nós precisamos de parcerias.
Tarso ressaltou que as forças políticas têm dificuldade em encontrar pontos de consenso capazes de formar maioria para tocar propostas de transformação do Estado.
- O Rio Grande do Sul perdeu sua força política no país em função da ausência de uma hegemonia estável, de uma maioria duradoura e de uma coalizão de forças que dê sustentação a um projeto de Estado - disse Tarso.
Ao final de duas horas de painel, os entrevistados concordaram que o Estado precisa encontrar uma pauta mínima para sair da crise e gerar mais desenvolvimento. Em torno de uma agenda de consenso, argumentou Tarso, será possível ter um governo estável com capacidade de modernizar a estrutura pública.
- É um dever dos partidos, em primeiro lugar, que têm de se sentar, buscar suas convergências e formar coalizões em cima de temas e apresentá-los de maneira nacional com um programa unificado - disse o ministro da Justiça.
Convidada a se manifestar no início e ao final do evento, Yeda defendeu a busca do entendimento:
- Creio que aqui se inicia a construção da agenda da qual todos nós estamos interessados em participar, em construir e viabilizar.
O Painel RBS será realizado mensalmente, abordando assuntos da política aos esportes, da economia à cultura e educação.
Fonte: Zero Hora
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