Assembléia pode perder um quinto dos deputados
03/03/2008
A Assembléia Legislativa pode perder um quinto dos deputados para as eleições municipais. Faltando sete meses para o pleito de outubro e três para o encerramento do prazo da realização de convenções partidárias que vão definir os candidatos a prefeito e vereador, o quadro da disputa começa a se consolidar no Rio Grande do Sul.
Levantamento feito pelo Jornal do Comércio aponta que cinco deputados estaduais gaúchos vão concorrer a prefeituras do Estado. Seis ainda estão avaliando essa possibilidade e aguardam a definição das siglas para confirmar as candidaturas. Os outros 44 parlamentares não vão participar do pleito.
Dos que têm a candidatura como plano político consolidado, o petista Daniel Bordignon, de Gravataí, é o único que já ocupou o cargo, em duas ocasiões. Eleito pela primeira vez em 1996, foi reconduzido ao Paço Municipal no pleito seguinte, em 2000, e ajudou a eleger seu sucessor, o também petista Sérgio Stasinski, em 2004. Além do bom trânsito com o movimento social e o fato de já ter ocupado o cargo, o deputado entrará na corrida à prefeitura com o respaldo de quase 60 mil votos que garantiram sua eleição ao Parlamento.
Os demais colegas de plenário que confirmam a entrada na disputa de 5 de outubro são Álvaro Boessio (PMDB), em Farroupilha; Kelly Moraes (PTB), em Santa Cruz do Sul; João Fischer (PP), em Sapiranga; e Nelson Marchezan Jr. (PSDB), em Porto Alegre.
Os seis parlamentares que ainda estão indefinidos são Abílio dos Santos (PTB), que pode concorrer a vice na chapa do PMDB em Gravataí; Luciano Azevedo (PPS), que pode disputar a prefeitura de Passo Fundo; Mano Changes (PP), que foi sondado para composição de chapa em Porto Alegre, como prefeito ou vice; Márcio Biolchi (PMDB), líder do governo Yeda Crusius, que é lembrado para a disputa em Carazinho; Nélson Härter (PMDB), que avalia disputar pela segunda vez a prefeitura de Pelotas; e José Sperotto (DEM), que ainda não fechou questão quanto à possibilidade de concorrer a prefeito de Guaíba.
Azevedo, que no final de 2007 recebeu apoio de eleitores e filiados do partido para disputar a sucessão do prefeito Airton Dipp (PDT), em Passo Fundo, está indeciso. O deputado, que concorreu em 2004 e ficou em segundo lugar, não esconde de ninguém a vontade de comandar a prefeitura de sua cidade, mas não fechou questão quanto a conveniência de entrar na disputa nesse momento. "Estou avaliando com o partido, pois sou o único deputado do PPS com base no Interior e isso conta muito para o fortalecimento da sigla na Assembléia. Meu coração está sempre em Passo Fundo, mas essa não pode ser uma decisão tomada apenas com o coração", avalia o deputado.
Para o cientista político Hermílio Santos, professor da Pucrs, a inclusão de deputados no pleito municipal, apesar de em pequena escala, não surpreende. Ele diz que a eleição para prefeito é vantajosa para os parlamentares. "Entrar na disputa municipal é importante para os deputados, porque os fortalece como políticos e ajuda a aproximá-los ainda mais da base. Além disso, por não ser uma campanha individualizada, é uma eleição paga basicamente pelos partidos, uma campanha quase gratuita para os candidatos", aponta.
O professor critica, no entanto, o fato de os eleitores terem de se deparar, em geral, com os mesmos rostos nas sucessivas disputas. "O ciclo político é muito viciado, temos eleições a cada dois anos e esse quadro pouco se renova. São sempre os mesmos que concorrem, elegem-se para formar um verdadeiro mercado de trabalho, são os chamados candidatos profissionais, que se destacam em um trabalho que é feito por poucos", argumenta.
Santos destaca ainda que o número pequeno de deputados que admitem ser pré-candidatos está ligado diretamente ao baixo número de grandes municípios gaúchos. "O Rio Grande do Sul tem poucos municípios com mais de 100 mil habitantes, o que torna, para um deputado, a candidatura desvantajosa nessas cidades, se comparada ao trabalho parlamentar", conclui.
Fonte: Jornal do Comércio
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