Encontro constrange aliados do Piratini
26/04/2008
Preocupada em combater os ataques da oposição na CPI do Detran, a bancada do PSDB na Assembléia Legislativa se sentiu traída na quinta-feira com a revelação do encontro entre o secretário do Planejamento, Ariosto Culau, e o empresário Lair Ferst, um dos indiciados pela Polícia Federal por envolvimento na fraude milionária na autarquia.
Na terça-feira, o líder do partido no parlamento e relator da CPI, Adilson Troca, havia lançado uma nota criticando a oposição. O texto denunciava a partidarização da comissão pelos adversários, que, segundo o deputado, insistem em "insinuar vínculos inexistentes entre indiciados pelo inquérito da Polícia Federal e o governo Yeda Crusius". Dois dias depois, os tucanos tiveram de responder pelo encontro de um membro do primeiro escalão com um dos envolvidos da fraude no Detran.
A primeira reação foi de incredulidade, ainda na madrugada de ontem, durante sessão da CPI. A divulgação da notícia pela Rádio Gaúcha causou indignação no plenarinho.
- Sinceramente, senhores parlamentares, quando ouvi não acreditei. É um absurdo e inversão total de valores, criticam a CPI e vão tomar chope com indiciados - disse o presidente da comissão, deputado Fabiano Pereira (PT).
Stela Farias (PT) destacou a necessidade de Ariosto, a exemplo do secretário-geral de Governo, Delson Martini, comparecer à Casa para dar explicações sobre o encontro. O primeiro a pedir a saída de Ariosto foi Alexandre Postal (PMDB). Pedro Westphalen (PP) também reagiu:
- Tenho procurado zelar pelo PP, procurando zelar pelo governo. Somos da base e estamos tentando fazer a verdade aparecer. Deixo registrada minha indignação se tal fato ocorreu. Não podemos compactuar, se que é que aconteceu, mas realmente estou estupefato.
Para líder do governo, secretário não teve maldade
Ao deixar o plenarinho, por volta das 3h, o deputado já defendia a demissão de Ariosto. Nos bastidores do PSDB, o clima era de consternação. Os tucanos avaliavam que o episódio prejudicaria a atuação da base do governo na CPI.
- O deputado Pedro Pereira estava se acertando na defesa do governo. Como vai fazer agora? Isso é desestimulante para os deputados - diz um tucano ligado à bancada.
Ontem, os parlamentares buscavam evitar o desgaste e creditavam o encontro à inexperiência política de Ariosto. Signatário da nota tucana, Troca afirmou:
- Ariosto não teve maldade. A nota não tem nada a ver com isso. Lançamos a nota porque a oposição queria envolver Martini. Ariosto teve uma atitude pessoal, que não tem nada a ver com o governo.
Zilá Breitenbach, líder de bancada, afirmou que o secretário agiu sem pensar:
- O que aconteceu não interfere no governo. Se eles quisessem se esconder, não teriam ido a um shopping.
Indignado, Pedro Pereira defendeu a renúncia de Ariosto. Para ele, a responsabilidade sobre o encontro é apenas do secretário, sem alterar a posição da bancada tucana expressa na nota de Troca:
- Foi constrangedor. Eu virava a cara para o lado. Nunca me misturaria com indiciados.
Fonte: Zero Hora
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