Só reformas levam Brasil ao topo
03/05/2008
Analistas da S&P dizem a jornalistas de todo o mundo que governo também deveria ajustar gastos
São Paulo — A reforma da Previdência é essencial para que o Brasil seja considerado um investimento ainda mais seguro no mercado internacional. A avaliação foi feita ontem por analistas da agência de classificação de risco Standard & Poor’s, em teleconferência a jornalistas de todo o mundo. A agência concedeu ao país, na última quarta-feira, o grau de investimento (investment grade). 'A reforma no sistema previdenciário brasileiro seria muito importante para que o país continuasse subindo no rating, ajustasse os gastos e tivesse um crescimento significativo em sua receita', afirmou a analista da S&P Lisa Schineller.
Com a elevação da nota do Brasil pela S&P – que passou de BB+ para BBB-, o país atinge o primeiro degrau da classificação chamada de 'grau de investimento'. Permanece, no entanto, a nove passos do topo – onde estão países como Estados Unidos e Alemanha, considerados sem risco de inadimplência. Nos degraus acima do Brasil estão ainda países como Croácia, México, Tailândia, Chile e Itália.
O maior ponto fraco do Brasil, para a S&P, é o mercado informal, algo que não deve mudar 'tão cedo', acreditam os analistas da agência, mas que já foi bastante minimizado nos últimos anos. 'O nível de formalização subiu muito nos últimos quatro anos, agora está em 44% da força de trabalho, e esta é a direção correta', observou.
Segundo a S&P, se o país quiser melhorar ainda mais a sua nota, precisa crescer num ritmo maior do que o atual e apertar sua política fiscal. Schineller afirmou que a agência espera ver uma queda mais acentuada da relação dívida/PIB antes de elevar a nota do país novamente. A analista enfatizou a necessidade do Brasil de perseguir reformas econômicas que contribuam para a redução da carga da dívida pública. Segundo os cálculos da S&P, a relação dívida/PIB do Brasil está em 47% – ainda acima do nível de 40% tido como ideal para um país em grau de investimento. A melhora da nota do país veio, explicou a analista, por causa 'do maior grau de confiança na capacidade e disposição do governo de reduzir essa dívida'.
Em Brasília, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, reconheceu que os gastos públicos estão aumentando. 'É importante, de fato, que, a longo prazo, comecemos a debater seriamente as prioridades da alocação da despesa pública de maneira que isso possa ser estabilizado', disse. O novo título, além de sinalizar para os investidores internacionais que o Brasil tem capacidade para crescer e gerar empregos, para Meirelles, cria o momento de discutir reforma tributária, investimento em educação e gastos públicos.
Fonte: Correio do Povo
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