Procuram-se bandeiras
11/05/2008
Com a identificação de quem vazou os dados sigilosos sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e da ex-primeira-dama Ruth Cardoso, o caso do dossiê deve continuar em evidência por mais alguns dias, mas tende a perder fôlego. As denúncias sobre mau uso dos cartões corporativos minguaram na falta de hierarquia dos gastos: a oposição atribuiu praticamente o mesmo peso à compra de um guarda-chuva pela ministra Dilma Rousseff e os gastos de ministros em fins de semana. Com o PAC em andamento e a popularidade do presidente Lula em alta, a oposição terá de encontrar com urgência um discurso mais atraente do que "a qualidade do gasto", um dos mantras de Geraldo Alckmin em 2006.
A oposição poderia ter embarcado no projeto da reforma tributária, fornecendo subsídios para aperfeiçoá-lo, mas esse é um tema de consensos difíceis, principalmente quando estão em jogo os interesses regionais e setoriais. Pensando bem, reforma tributária pode ser gênero de primeira necessidade, mas não dá ibope.
Mais dois meses e o país só estará falando de Olimpíada e eleição. Por se tratar de eleição municipal, com partidos formando uma tal teia de coligações que praticamente inviabilizam a crítica à aliança do vizinho, faltará espaço para o aprofundamento de qualquer debate sobre projetos nacionais. E depois da eleição?
Ganhe quem ganhar nas principais capitais, termina a contagem dos votos e começa a preparação para a eleição presidencial. Nesse momento, a oposição deve dizer a que vem e responder objetivamente o que pretende fazer com o PAC, o Bolsa-Família, o ProUni, o ProJovem e todos os outros programas que ajudam a manter a popularidade de Lula nas alturas.
Fonte: Rosane de Oliveira - Zero Hora
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