Tábua de salvação
10/06/2008
Para que tenha algum impacto na opinião pública, o gabinete de transição criado ontem pela governadora Yeda Crusius para promover uma espécie de refundação do seu governo terá de ir além da simples troca de um secretário por outro. Poderia começar pela redução drástica dos cargos em comissão, fonte permanente de pressão dos aliados e porta aberta para o aparelhamento da máquina pública.
Demissíveis todos os secretários são, a qualquer tempo, mas os partidos deixaram Yeda à vontade para promover as mudanças que considerar necessárias. Com isso, estão criadas as condições para exonerar sem constrangimento os secretários que não estão nas cotas dos partidos ou que não atendem às expectativas.
Em tese, o gabinete de transição integrado por pessoas indicadas por PSDB, PMDB, PP, PPS e PTB pode tudo - desde extinguir secretarias até propor critérios para a divisão dos cargos. No momento em que decidiram integrar esse grupo, os cinco partidos reafirmaram o compromisso com o governo. Maioria sólida na Assembléia é o que Yeda mais precisa no momento em que a oposição começa a falar em impeachment.
Com a corda no pescoço, Yeda resolveu partir para a ofensiva, três dias depois de seu governo ter mergulhado numa crise sem precedentes, por conta da gravação da conversa do ex-chefe da Casa Civil Cézar Busatto com o vice-governador Paulo Feijó. Na tentativa de encerrar o assunto, foi ao Ministério Público pedir prioridade absoluta na análise de toda e qualquer denúncia relacionada às autarquias e estatais mencionadas por Busatto na conversa com Feijó.
O Ministério Público não precisa de um pedido da governadora para investigar uma denúncia de conhecimento público. Dificilmente, porém, haverá como os promotores atestarem que Banrisul, Daer, Detran ou CEEE não foram usados para financiar campanhas eleitorais.
Fonte: Rosane de Oliveira - Zero Hora
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