Yeda anuncia criação de órgão contra corrupção
11/07/2008
Secretaria especial terá desafio de controlar uso do dinheiro
Decidida a evitar o surgimento de novas denúncias de corrupção, a governadora Yeda Crusius anunciou ontem a criação de um órgão que terá o desafio de controlar o uso do dinheiro público.
Gestada pelo gabinete de transição a partir de sugestões de diferentes setores da sociedade, a secretaria especial vai buscar a articulação entre órgãos de controle interno (Contadoria e Auditoria-Geral do Estado) e externo (Tribunal de Contas). O instrumento contra irregularidades terá um coordenador com status de secretário, ainda que não esteja garantida a criação de uma estrutura de primeiro escalão para a pasta.
A medida anticorrupção anunciada por Yeda ao final da reunião com o conselho político também virá acompanhada de um "portal de transparência", no qual os gaúchos poderão monitorar as ações do Estado por meio da internet.
- Hoje, já é assim, mas em órgãos isolados. Apesar de todos fazerem o seu trabalho de forma modelar, isso não bastou para se barrar na origem as fontes tradicionais de desvio de dinheiro público - destacou Yeda.
Os mecanismos de fiscalização fazem parte da carta-compromisso que será anunciada na segunda-feira pela governadora. Além das novas medidas de combate à corrupção e do código de ética dos servidores, Yeda reafirmou que os partidos aliados se comprometeram a se manter fiéis aos projetos do Executivo.
Questionada sobre como se portaria diante de atos de infidelidade de membros da base, Yeda disse que a rebeldia quebraria o pacto assinado por todas as legendas. De acordo com a governadora, o documento é amparado em idéias de consenso entre poderes, parlamentares, integrantes do gabinete de transição e setores que trouxeram propostas à carta.
Enquanto tenta colocar uma pá de cal na crise política que estremeceu seu governo no último mês, Yeda teve de administrar o fogo amigo disparado de Brasília na quarta-feira pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM). Em bate-boca com o gaúcho Pedro Simon (PMDB) no Senado, o tucano insinuou que o presidente do Banrisul, Fernando Lemos, estaria em situação irregular.
Irritada com as insinuações do colega de partido, a governadora disse que vai à Capital Federal na próxima semana conversar com Virgílio.
- Não sei por que estão brigando, mas na semana que vem, vou a Brasília procurar saber - disse Yeda.
Entenda o caso
- A criação da secretaria especial é uma resposta à sociedade após o governo afastar três secretários com nomes envolvidos em escândalos.
- O secretário de Planejamento, Ariosto Culau, deixou o primeiro escalão depois de tomar chope em público com Lair Ferst, lobista acusado de fraude no Detran.
- O titular da secretaria-geral de governo, Delson Martini, foi demitido porque é citado em gravações telefônicas entre suspeitos do esquema no Detran.
- Já o chefe da Casa Civil, Cézar Busatto, foi gravado pelo vice-governador Paulo Feijó. Na gravação, Busatto diz que PP e PMDB se financiam, respectivamente, do Detran e do Banrisul. No mesmo diálogo, afirma que, no passado, a fonte era o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer).
- O desenho da secretaria foi feito pelo gabinete de transição, criado há um mês. O gabinete,com um representante de cada partido aliado, tinha a missão de fazer o Piratini superar a crise agravada pela sucessão de denúncias de corrupção em órgãos públicos.
- Outra função do gabinete era preparar um esboço de uma carta-compromisso, que será anunciada por Yeda na segunda-feira. O documento, que terá o aval dos aliados, tem como essência o combate à corrupção e o uso correto de recursos públicos.
Fonte: Zero Hora
|
|