MP vai analisar suspeitas sobre pagamentos
22/09/2008
Integrantes do governo Yeda receberiam complementação salarialO Ministério Público vai investigar se pagamentos feitos a integrantes do governo do Estado pela iniciativa privada eram realizados a título de complementação de salários. Um procedimento de investigação preliminar será instaurado esta semana, a partir de suspeitas apontadas em reportagem da última edição da revista Veja.
A reportagem afirma que o secretário-geral de Governo, Erik Camarano, e o diretor-presidente da Procergs, Ronei Ferrigolo, teriam recebido um “por fora” para complementar salários e viabilizar suas participações no primeiro escalão. Um dos pontos que a Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público vai analisar, no tema da improbidade administrativa, é a questão da moralidade.
– Será verificada a viabilidade de a pessoa estar na atividade pública e receber por uma atividade na área privada. Tem essa questão do contrato (de prestação de serviços destas pessoas com a iniciativa privada), mas o teor será estudado para que se analise se o que ocorria era ou não complementação de salário – disse Mauro Renner, procurador-geral de Justiça.
Se ficar demonstrado que os valores visavam a aumentar os salários de Camarano e Ferrigolo, estará caracterizado caso de improbidade administrativa.
A assessoria de imprensa do Piratini informou ontem que a governadora Yeda Crusius não comentaria o caso. No sábado, Camarano se manifestou por meio de nota oficial.Ele admitiu ter recebido valores da ONG Pólo RS por ter prestado serviços de consultoria nos períodos de 1999 a 2001 e de dezembro de 2005 a julho de 2008.
Ferrigolo atuava como consultor da Federasul
Camarano afirmou ainda que tudo está devidamente declarado em seu Imposto de Renda.
‘‘Os serviços de consultoria prestados não envolvem o uso de recursos públicos e tiveram por objeto a orientação para projetos de desenvolvimento do Rio Grande do Sul, através da Agenda 2020 e demais projetos de agendas regionais de desenvolvimento, empreendidos pela Agência Pólo RS’’, explicou, em trecho da nota.
Integrante do governo desde o início da gestão de Yeda, Camarano teria solicitado a suspensão dos pagamentos da Pólo em agosto, ao assumir a Secretaria-Geral.
Ronei Ferrigolo, indicado pela Federasul para dirigir a Procergs, também se manifestou por nota oficial.
“Não cometi nenhum ato que desabone minha conduta como gestor público. Não recebi complementação salarial ou qualquer rendimento não-declarado em meu imposto de renda. Minha relação como consultor da Federasul ocorreu através de minha pessoa jurídica e iniciou-se antes de minha entrada no governo e já foi encerrada, tendo cumprido seu objeto”, afirmou Ferrigolo por escrito.
PSOL pretende levar caso à Justiça
O contrato de Ferrigolo com a Federasul teve duração de um ano, mesmo tempo em que ele está no cargo – foi empossado em 17 de setembro do ano passado. Ontem, ele explicou que prestava serviços de consultoria de “viés acadêmico, fazendo relatórios de análise de situações de temas de interesse da Federasul”. Quanto ao valor que recebia (Veja divulgou que seriam R$ 15 mil mensais), disse que os pagamentos poderiam chegar a R$ 15 mil, o que não significa que foi isso que recebeu todos os meses.
Ao contestar a reportagem, Camarano e Ferrigolo disseram que o conteúdo tem viés político e destacaram não serem filiados ao PSDB. O PSOL, que reuniu documentos sobre o suposto complemento de salários, pretende levar o caso à Justiça.
Fonte: Zero Hora
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