O anúncio feito pela governadora de que em dezembro, depois de um período de seis anos, o poder público fará o pagamento do 13° salário do funcionalismo em dia e com recursos próprios revela uma novidade que não pode deixar de ser saudada pelo Estado. Desde 2002, tais pagamentos vinham sendo efetuados com recursos vindos ou de negociações ou de empréstimos que oneravam o Estado. A boa notícia que a governadora anunciou ontem com pompa e circunstância coincide com o começo da greve do magistério, deflagrada a menos de seis semanas do final do ano letivo e que tem como argumento a oposição do governo estadual ao piso salarial para os professores aprovado no Congresso. Mesmo que sejam gestos e medidas distintas, o momento político-administrativo em que ocorrem transforma-os numa única questão. Uma questão complexa e aflitiva.
O fato positivo, que como tal deve ser saudado, é que, recuperada a capacidade de honrar seus compromissos, o Rio Grande do Sul tem condições de vencer a crise fiscal que o afeta há três décadas. O 13° em dia, a informação de que o orçamento de 2009 será equilibrado e de que haverá mais recursos para investimentos são fatos que se interligam e que, se efetivamente cumpridos como se anuncia, apontam para a possibilidade de novos passos em direção à recuperação do dinamismo do setor público do Estado.
A face sombria deste momento é, para o Estado, a greve do magistério. A assembléia de sexta-feira entendeu que o governo tenta confundir os professores e a sociedade gaúcha ao propor um piso estadual com vigência em 2009 ao mesmo tempo que rejeita a lei nacional que, a partir de 2010, dará ao magistério um piso básico sobre o qual incidirão todas as vantagens. Aparentemente, trata-se da antecipação de um conflito que surgirá apenas em janeiro de 2010. O que transparece é uma ampla incapacidade de diálogo entre o Cpers/Sindicato e o governo Yeda, fato que é danoso para os interesses de ambos e que repercute sobre os milhares de estudantes e suas famílias, prejudicados pela paralisação. O diálogo desarmado e construtivo é, mais uma vez, o único caminho.