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A perda de posição relativa do Rio Grande do Sul sob o ponto de vista do Produto Interno Bruto (PIB) em relação ao conjunto dos demais Estados tem explicações objetivas, que nem por isso deixam de se mostrar preocupantes e exigir soluções. A pesquisa Contas Regionais de 2006, divulgada agora pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que devido a uma forte seca e à queda de preços dos grãos, o Rio Grande do Sul reduziu sua participação no bolo nacional de 7,1% em 2002 para 6,6% em 2006. Pior: no mesmo período, teve o menor desempenho entre os Estados, que foi de 1,7%, menos da metade da média nacional, de 3,5%. Quanto mais cedo essa tendência for enfrentada com políticas públicas adequadas, maiores serão as chances de o Estado se recuperar dessas distorções.
Em condições normais, o ideal é que períodos de expansão econômica como o experimentado pelo país nos últimos anos possam se propagar de maneira uniforme por diferentes unidades da federação. O levantamento divulgado agora confirma uma expansão acima da média na maior parte dos Estados do Nordeste, justificado pelo aumento da massa salarial e pelo impacto dos programas de transferência de renda. Ainda assim, cerca de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro está concentrado em apenas oito das 27 unidades da federação. Entre elas se incluem, obviamente, São Paulo, que também vem perdendo posição, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Bahia, Santa Catarina, Distrito Federal e o próprio Rio Grande do Sul.
É claro que efeitos como os de secas ou a queda dos preços das commodities agrícolas não têm como ser totalmente evitados. O Rio Grande do Sul, porém, precisa agir a tempo de reparar os danos e evitar a continuidade desse crescimento desigual, que vem levando-o a perder terreno no cenário nacional.
Fonte: Editorial Zero Hora