A opção dos representantes do chamado G-20 o grupo de países que representa cerca de 85% da economia mundial durante encontro no fim de semana, em São Paulo, por uma alternativa de redução dos impostos e de aumento dos gastos públicos, no caso de países com contas ajustadas, pode até ser a mais indicada para um momento de aguda crise global. Ainda assim, a proposta com ênfase em medidas conhecidas como anticíclicas com ênfase em menos imposto e mais investimento público é temerária e precisa ser encarada com cautela. Mesmo em caráter temporário, a decisão a ser levada ao encontro de presidentes e chefes de Estado no sábado, em Washington, tende a provocar efeito inverso em países em desenvolvimento como o Brasil, pois pode ressuscitar o desequilíbrio nas contas públicas, gerando déficit e, em conseqüência, mais inflação.
Mesmo fazendo questão de fugir da idéia de pacotes fechados, porém, o Brasil tem divulgado uma série de medidas isoladas que, no conjunto, visam a atacar alguns dos principais entraves observados hoje. Entre os problemas, estão as dificuldades registradas por algumas exportadoras que fizeram apostas erradas na área cambial e as resistências por parte dos bancos em emprestar, devido a desconfianças sobre os níveis de solvência dessas empresas. Em ambos os casos, esses nós precisam ser desatados, para evitar danos ainda maiores à economia real.
A questão é que cada vez mais países têm seguido o exemplo do mundo desenvolvido – dos Estados Unidos a países da União Européia – e destinado somas jamais vistas para tentar socorrer o sistema financeiro e salvar o setor produtivo. Em qualquer economia sólida, quando o setor produtivo vai bem, o setor público deve economizar. Quando vai mal, a saída é investir. O que vale para os países desenvolvidos, porém, nem sempre pode ser aplicado à risca nos demais casos.
O risco dos países em desenvolvimento, como o Brasil, que não dispõem do mesmo potencial de caixa dos demais, é mirar o crescimento e se descuidar da inflação. É esse o dilema para o qual a equipe econômica precisará demonstrar competência para enfrentar.
Fonte: Editorial Zero Hora