Rio Grande: um novo período, por José Alberto Wenzel*
13/10/2008
Há algo novo no ar. Para se entender o que está acontecendo com o Rio Grande do Sul, devemos lembrar aspectos importantes do processo histórico do nosso Estado. Durante o período considerado colonial, ocorrido entre o Tratado de Tordesilhas, em 1494, e a ocupação da Banda Oriental, incorporada ao Brasil em 1820, predominaram as questões de definição de fronteiras, embates entre portugueses e espanhóis, fundações missioneiras, as sesmarias, capitanias, chegada dos açorianos e, também, as charqueadas.
A instalação da junta governativa, que passou a administrar o Rio Grande a partir de 1822 com a adesão dos gaúchos ao Estado Nacional, marca um segundo momento, conhecido como período imperial. O Rio Grande passa de Capitania a Província e eclode a Revolução Farroupilha, que dura 10 anos. Chegam os primeiros imigrantes alemães e italianos e, mais tarde, em 1864, a guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai nos envolve em batalhas que se estendem por seis anos. A partir daí ocorre o terceiro momento, com a Proclamação da República, em 1889, e, mais tarde, a Revolução Federalista, a fase de Getúlio, a campanha da legalidade, o período militar, a reorganização partidária gaúcha e tantos outros fatos já bastante conhecidos.
Mas o que vivenciamos, agora, é um novo período da história gaúcha. Mais uma vez, a valorização de nossos símbolos, da nossa história e de todos os que a construíram, permite este novo corte temporal. Estamos presenciando um enfrentamento dos gargalos históricos, momento este que tem como um dos seus marcos a proposta de orçamento público para 2009, o déficit zero e os investimentos de R$ 2,3 bilhões que vêm garantir a autonomia do nosso Estado.
Antes, nossas lutas eram por limites, contra ameaças de fora. Agora nos debruçamos sobre nós mesmos e olhando-nos a nós próprios no espelho verde, vermelho e amarelo de nosso símbolo unificador, que é a bandeira gaúcha. A instalação do Gabinete de Transição pela governadora Yeda Crusius, em maio deste ano, culmina com a Carta-Compromisso, que é outro marco balizador de uma mudança política de reestruturação.
O enfrentamento de gargalos fiscais históricos, a instalação dos Programas Estruturantes, a depuração de nossas máculas, a instalação da Carta-Compromisso, somados ao aparato que envolveu a liberação do crédito internacional do Banco Mundial (Bird) e ao fato de termos a primeira mulher governando este Estado, já nos permitem perceber esse novo tempo.
A história, aliás, nos dirá, mais uma vez, que iniciamos um novo período no processo histórico do Rio Grande do Sul.
*Chefe da Casa Civil do Governo do Estado do RS
Fonte: Zero Hora
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