Transparência e o desfecho previsto
21/10/2008
Desembarque de Mercedes Rodrigues do governo não é surpresa. Há meses, integrantes da cúpula do Executivo demonstravam preocupação com a demora na oficialização da Secretaria da Transparência e com o desfecho do episódio. A criação da Pasta foi anunciada com pompa e circunstância, dia 14 de julho, em cerimônia no Piratini pela governadora Yeda Crusius como parte da carta-compromisso. O documento foi lançado em meio à CPI do Detran e no auge da crise política que atingiu o governo, como forma de reiterar o compromisso com a ética, a transparência e o combate à corrupção. Vinte dias depois, em 2 de agosto, Mercedes, que comandava a Secretaria-Geral de Governo, recebeu a tarefa de capitanear o Gabinete da Transparência até que a nova secretaria saísse do papel. Desde então, porém, a alardeada Pasta parece ter deixado de ser prioridade. Secretários sabiam da insatisfação de Mercedes e entraram em cena na expectativa de agilizar o processo (que estava na dependência do aval de Yeda) e de acalmar os ânimos. Não obtiveram sucesso na empreitada. Mercedes despediu-se com manifestações duras em relação à postura do governo e sem falar com a governadora. Internamente, a leitura é que o quadro se agravou devido à 'incompatibilidade de gênios' e que movimento de Yeda foi premeditado.
REFORÇO DA TESE
Apesar da nota divulgada pelo Piratini, reforçando compromisso com a criação da Secretaria da Transparência, o descaso com o tema até agora fortalece tese defendida pela oposição e por alguns aliados, de que o anúncio foi ação de marketing do Piratini.
AINDA NA GAVETA
O projeto de criação da secretaria foi encaminhado ao Legislativo em 16 de julho. Dois meses depois, a proposta foi retirada da pauta, a pedido de Yeda. Para aperfeiçoar a matéria, foi criado grupo técnico. O trabalho foi concluído, mas, até agora, não saiu da gaveta.
Fonte: Taline Oppitz - Correio do povo
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