“Não poderemos mais dizer que não sabíamos”
22/10/2008
Entrevista: Mercedes Rodrigues, ex-secretária da Transparência do Governo do Estado
Após deixar a pasta da Transparência, que em 90 dias não foi criada oficialmente, Mercedes Rodrigues explicou ontem os motivos da saída. A seguir, a síntese da entrevista:
Zero Hora – A senhora deixou o cargo porque anteviu algum escândalo e não queria ser cobrada?
Mercedes Rodrigues – Não fui informada de nada. A única coisa que recebi do TCE e ainda não tive tempo de me debruçar foi uma cópia do relatório da inspeção na Corsan. Eu vi que há itens pendentes a serem explicados pela companhia em relação a licitações. Foram feitos apontamentos sérios desde 2005.
ZH – O que significa a sua afirmação de que o governo deve mostrar o comprometimento no combate à corrupção por meio de atos?
Mercedes – Falo dos atos de realização daquilo que o governo prometeu para combater a corrupção, como criar a Secretaria da Transparência e implantar uma série de medidas. Quando a gente diz que um governo não está combatendo a corrupção, não queremos dizer que a administração seja corrupta. Ele pode ser relaxado, imprevidente e conivente. Pode deixar o espaço aberto.
ZH – Falta controle nos órgãos para evitar corrupção?
Mercedes – Combater a corrupção não é com essa lassidão e essa calma. Espera um mês, dois ou três. Quando a janela está aberta, pode entrar ladrão. É o que o bom senso indica. O Estado está vulnerável. Descobrimos a corrupção ao longo dos anos, prometemos coibir isso por meio de um sistema que não implantamos. Que desculpa iremos apresentar quando ocorrer de novo? Não poderemos mais dizer que não sabíamos. Se eu ficasse, estaria avalizando essa situação. Após todas as irregularidades detectadas, é urgente adotar medidas.
Fonte: Zero Hora
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