RS está vulnerável, diz Mercedes
22/10/2008
Ex-secretária alerta para falhas na estrutura de combate a irregularidades
Temerosa de ser surpreendida por novos escândalos de corrupção e responsabilizada por omissão, Mercedes Rodrigues entregou o cargo de secretária da Transparência na segunda-feira. A atitude que ela define como “radical” tem o objetivo de alertar o Palácio Piratini de que autarquias, estatais e secretarias continuam vulneráveis a desvio de dinheiro diante da “inoperância” do órgão.
– Há uma falta quase completa de condições para realizar um trabalho tão importante. É muito incômodo. Eu me sentia co-responsável por comandar a pasta, que nem saiu do papel. A idéia surgiu com um ímpeto muito grande e foi se enfraquecendo no governo. Do discurso, temos de partir para a prática. Senão, cai no vazio – explicou a ex-secretária em sua casa, no bairro Assunção.
Mercedes destaca que não havia mais vontade política para fazer a secretaria funcionar na medida em que houve distanciamento entre a data do anúncio, 14 de julho, e a execução do projeto. Em 75 dias de atuação, ela escolheu dois servidores para auxiliarem no planejamento e controle de suspeitas, que não foram nomeados pela governadora Yeda Crusius no Diário Oficial do Estado.
– O governo mostrará que está comprometido no combate a irregularidades somente com atos – resumiu a ex-secretária.
Em reuniões, secretários já haviam sugerido que as medidas fossem implantadas de forma mais rápida para evitar desgaste, uma vez que as ações haviam sido prometidas com pompa.
Casa Civil rebate declarações de ex-titular da Transparência
À frente da Casa Civil, José Alberto Wenzel (PSDB) rebateu a correligionária dizendo que não há mais espaço para corrupção na administração.
– Tudo tem um tempo de maturação. Estamos perseguindo a transparência todos os dias. Não é pela falta de uma pessoa que isso não será feito. A transparência independe da criação da secretaria. É obrigação do gestor público ser transparente – relatou.
Ontem, Wenzel prometeu encaminhar o projeto de lei que cria a pasta em no máximo 15 dias. Segundo ele, é possível aprovar a matéria na Assembléia Legislativa até o final do ano.
Fonte: Zero Hora
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