Os funcionários de Yeda Crusius
PAULA VERAS PFEIFER/ Cientista social e funcionária pública
18/01/2007
Em toda mudança de governo, o mês de janeiro costuma ser de terrorismo intenso. Já em dezembro o governador eleito anuncia que provavelmente não conseguirá pagar os salários de janeiro. É o que acontece neste momento no Rio Grande do Sul. Até aí, tudo bem. Mas a nova governadora tem falado repetidamente em cortes de gastos desnecessários. E quais seriam eles? Certamente não há o que cortar em saúde e em segurança. Gastos em investimentos? Não sabemos o que é isso há muito tempo. Então, que tipos de gastos poderiam ser cortados no nosso Estado para que sobre mais dinheiro para as áreas prioritárias e essenciais?
Isso nos remete a um problema generalizado e muito antigo: o funcionário público. Não todos, apenas os maus funcionários públicos. Aqueles que não vêem problema em onerar o Estado de modos quase imperceptíveis. Como? Não cuidando da luz da repartição como se fosse a da sua casa. Usando o telefone da mesma como se não existisse conta mensal e como se ligações para celulares custassem um centavo o minuto. Usando material de expediente como se fosse de sua propriedade. Fazendo corpo mole. Chegando atrasado todos os dias. O próprio atraso, tão enraizado na função pública, custa muito aos cofres públicos. Um exemplo? Um funcionário que chega meia hora atrasado de manhã e meia hora atrasado de tarde trabalha uma hora a menos por dia. Ou seja, o Estado paga para que ele não trabalhe 20 horas por mês. São quase três dias por mês em que o servidor é remunerado para não trabalhar.
Creio que a governadora deveria prestar mais atenção a esse tipo de gastos desnecessários, pois são eles, de pouco em pouco, que elevam as contas que ela deverá honrar mensalmente. Está mais do que na hora de mudar o comportamento de muitos funcionários públicos. Até em respeito àqueles que são corretos e produtivos, mas, principalmente, em respeito ao nosso bolso pagador dos impostos que custeiam seus salários. Certamente não podemos cortar verbas de gasolina para viaturas ou medicamentos para hospitais, mas devemos cortar gastos com luz, telefone e material de expediente de muitas repartições do Estado.
Comentário do Afocefe:
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