Os novos desafios de Yeda
ANDRÉ MARENCO/ Professor de ciência política UFRGS
31/10/2006
Yeda Crusius foi eleita governadora do Rio Grande do Sul, derrotando PMDB e PT, beneficiada pela polarização nacional da disputa que puniu o candidato de um PMDB mais uma vez ausente e pelo (auto) isolamento do PT estadual, que não lhe permitiu, no momento decisivo, atrair apoios ou votos junto a eleitores de outras forças partidárias.
Yeda Crusius tem pela frente pelo menos dois desafios de complexa resolução. Em primeiro lugar, o novo governo terá de enfrentar a difícil equação de compor uma coalizão partidária, necessária para aprovar sua agenda na Assembléia Legislativa. Coalizões multipartidárias fazem parte da tradição política brasileira, mas, à medida que cresce o número de partidos como condição para a maioria e que o partido do governador não é a principal força dentro da coalizão, aumentam as dificuldades para sua disciplina nas votações, sobretudo as impopulares. O PSDB elegeu apenas cinco deputados e mesmo a aliança eleitoral de Yeda no primeiro turno tem somente 12 deputados. Para ter maioria terá de incorporar em seu governo pelo menos PMDB e PP, partidos com bancadas bem maiores do que o seu PSDB. Se quiser maioria segura, terá de conceder espaços governamentais correspondentes à força desses partidos. Se fizer isto, terá controle efetivo sobre a máquina do governo estadual?
Se tivesse vencido pela diferença que se anunciava no início do segundo turno, Yeda Crusius teria recebido uma larga autorização para implementar sua agenda liberal de governo. À medida que viu sua vantagem ser encolhida a cada momento em que o PT a associava a um programa liberal de privatizações ou redução da máquina pública, o eleitor ao mesmo tempo que conferiu-lhe os votos necessários para assumir o Piratini, indicou os limites para sua agenda de governo e a não-aceitação da ortodoxia liberal e seu mantra de redução do Estado. O que fará para resolver a dívida estadual e os problemas de crescimento da economia gaúcha, nos dois primeiros anos, como prometeu? Como ficará na comparação com um segundo governo Lula, mais desenvolvimentista e baseado em uma coalizão partidária (leia-se com participação do PMDB) do que o primeiro?
Comentário do Afocefe:
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