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O Rio Grande e seu futuro

Editorial Zero Hora

13/09/2006

Os debates dos candidatos ao governo do Rio Grande do Sul, ao abordarem de maneira superficial a grave crise financeira do Estado, sugerem que não será nada fácil a tarefa do futuro governador. O setor público estadual, mantidas as atuais condições, está inviabilizado. A proposta de um Pacto pelo Rio Grande, aprovada pelas forças políticas como alternativa indispensável para devolver governabilidade, passa surpreendentemente em branco na campanha eleitoral. O fato de algumas de suas propostas estarem sub judice, depois que o Ministério Público propôs e o Judiciário concedeu medida liminar para interromper sua vigência, não é desculpa para que aquele diagnóstico e o remédio consensual apontado sejam esquecidos. Que a crise é grave sabem-no todos os candidatos. Há 30 anos o Rio Grande gasta mais do que arrecada. O déficit crônico está consumindo todas as reservas do Estado, depois de ter esgotado as soluções emergenciais. Já não há empresas públicas a privatizar, não há caixa único a espremer, não há empréstimos a solicitar, não há depósitos judiciais a gastar. Todas as prestidigitações possíveis já foram tentadas, como a do aumento da alíquota do ICMS – cuja vigência termina em dezembro –, a antecipação do pagamento do mesmo ICMS, a solução de assumir responsabilidades federais em troca de recursos, a cobrança dos alegados créditos junto à União ou uma improvável renegociação do percentual da dívida. Para se somar a isso, temos a crise conjuntural provocada pelas duas graves estiagens, pela queda dos preços das commodities e pela situação cambial. Soluções há, como o demonstram os resultados positivos recém divulgados, obtidos com a ajuda de uma consultoria técnica.
A crise e seu enfrentamento parecem um tanto longe do debate eleitoral. Não está havendo uma reiteração do compromisso dos candidatos para com o futuro, ao contrário do que se deveria esperar diante de problemas que, qualquer que seja o eleito, precisarão ser enfrentados. O silêncio parece indicar a falta de idéias novas e de projetos efetivos. Não deveriam os candidatos e seus partidos ou coligações comprometer-se agora com a defesa de propostas que, como as do Pacto pelo Rio Grande ou da Agenda Estratégica, prescrevem remédios amargos mas necessários?


Comentário do Afocefe:



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