Libertar o futuro
Editorial Zero Hora
08/08/2006
A série de reportagens que Zero Hora estará publicando até sexta-feira mostra do ponto de vista do cidadão gaúcho como a crise das finanças públicas amarra o presente e inviabiliza o futuro. Como numa casa insolvente, em que os gastos superam os ganhos, o governo estadual enfrenta dificuldades para cobrir as despesas de cada mês, formando anualmente um déficit de mais de R$ 1 bilhão. A conta, obviamente, fica com o cidadão, que é forçado a pagar mais impostos e recebe ainda menos serviços, questão que o próximo governo precisará assumir como prioritária.
Há décadas os administradores utilizam-se de estratagemas para driblar essa realidade, sem encontrar radicalmente a causa do desequilíbrio. Assim, quando a inflação era elevada, bastava retardar pagamentos para dar a impressão de que o poder público era solvente. Depois, houve os recursos da privatização da Companhia Rio-Grandense de Telecomunicações (CRT) e de parte da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). Mais recentemente, a unificação do caixa permitiu aos governantes dispor dessa fonte para cobrir o déficit. Até os depósitos judiciais foram usados. Já não há mais o que tentar, a não ser enfrentar a dura realidade de um Estado que gasta mais do que arrecada.
A situação de déficit crônico está fazendo com que serviços essenciais estejam se deteriorando, em especial os ligados à segurança pública, à educação e às áreas de infra-estrutura. O desafio está lançado.
Setores importantes da sociedade gaúcha já se mobilizam para enfrentá-lo, com propostas como as encaminhadas via Pacto pelo Rio Grande ou via o projeto de uma Agenda Estratégica. O fato de existirem medidas sugeridas, porém, não significa que a questão já esteja resolvida. O próximo governador terá que ter a coragem de encarar a situação com foco, determinação e urgência, desde o primeiro dia de seu mandato, sem protelações ou adoção de medidas ilusórias.
Comentário do Afocefe:
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