ÁREA RESTRITA    
Login    Senha   
Página Incial
Técnicos Tributários participam de assembleia conjunta dos servidores públicos
Em coletiva de imprensa, Afocefe apresenta proposta para Estado superar acrise
Afocefe apresenta ao presidente da Assembleia Legislativa estudo que aponta saída para crise
NEWSLETTER
Assine a newsletter do AFOCEFE Sindicato e receba notícias por
e-mail:
Nome:
E-mail:
Destaques

Sob a sombra da informalidade, um PIB de R$ 248 bi

Mariza Louven

31/07/2006
Fonte: O Globo

O valor da produção informal do Brasil chegou a R$ 600 bilhões em 2005, gerando riquezas equivalentes a um Produto Interno Bruto (PIB) de aproximadamente R$ 248 bilhões, segundo estimativa de técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pelo dólar médio do ano passado, este valor chegou a US$ 102 bilhões, bem maior que toda a economia de nações como o Egito (U$ 93 bilhões) ou a Colômbia (US$ 98 bilhões). Enfrentar o problema é um desafio para os candidatos à Presidência da República ( leia o que pretendem fazer na página 9 ). — Este é o país do futebol e da informalidade. No futebol há mais espectadores do que praticantes.
Na informalidade é o contrário — diz o economista Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Baixo crescimento, excesso de carga tributária, de regulação e de burocracia estão entre as principais causas da informalidade, que acaba sendo um problema e uma solução. O brasileiro aprendeu a driblar a falta de emprego e de renda fazendo bico, mas com isso deixa de pagar impostos, vivendo à sombra. — Nas atividades têxtil, de transporte de cargas e de confecções, a informalidade salta aos olhos — diz o gerente do Departamento de Contas Nacionais do IBGE, Carlos Sobral. Informalidade voltou a crescer em 2003 P
ara calcular o PIB do país, o IBGE usa dados próprios, como os da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), e registros formais de órgãos e instituições públicos ou privados. As informações são confrontadas com as declarações de gastos das famílias, obtidas pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). Se a produção é menor do que o gasto, o valor que falta corresponde à atividade informal. Esta parcela, chamada tecnicamente de expansão da produção, é o que transcende as estatísticas formais.
A economia informal vinha perdendo participação no PIB, mas voltou a crescer em 2003. Naquele ano, enquanto o PIB avançou 15,6% (se considerada a inflação, ficou estagnado em 0,54%), a parcela informal aumentou 16,2%. A estimativa para 2005 considerou a hipótese de, naquele ano, a proporção das atividades não registradas ter sido a mesma de 2003, de 12,75% do PIB, último dado oficial disponível. — Sem crescimento, diminuem as melhores oportunidades de emprego e renda, com carteira assinada e salários mais altos.
As pessoas buscam alternativas como bicos — diz outro economista da Coordenação de Contas Nacionais, Gélio Bazoni. "Este é mesmo o país do jeitinho" Para Neri, a redução da informalidade (exceto em 2003) é um mistério. Pode estar relacionada ao crescimento econômico puxado pelas exportações, setor formal intensivo. Segundo ele, as reformas"meia sola" realizadas a partir dos anos 90 — como o Simples — também podem estar gerando frutos agora, diz. Outra hipótese é o crédito consignado, com desconto em folha de pagamento e dos aposentados, ter aumentado as vantagens da formalização. Ter registro dá acesso a esse tipo de crédito. Mas o consultor Ricardo Neves lembra que as atividades não registradas podem ser maiores do que calcula o IBGE.
O relatório Doing Business 2004, do Banco Mundial, estima em 39,8% a parcela informal da economia brasileira. — A estimativa do IBGE é conservadora. Há cadeias produtivas inteiras que não são contabilizadas — afirma Neves. Segundo ele, aqui a informalidade é tão grande que até as multinacionais querem entendê-la. Algumas mandam funcionários para favelas, como a do Morro do Alemão, no Rio, para estudar o tipo de vida das pessoas e fazer planos de negócios focados naquele público. — Existe um país na sombra — acrescenta. A informalidade é grande e está acima da média internacional de 32,5%, verificada em 133 países analisados pelo Banco Mundial. — Independentemente da metodologia, há excesso de informalidade — analisa Neri. — Este é mesmo o país do jeitinho — diz ele.
Mais crescimento, desregulação e menos imposto são as principais propostas dos especialistas para aumentar a formalização. Uma das causas do problema é a pesada carga tributária (federal, estadual e municipal), que segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), chegou a 40,69% do PIB em 2005. — Se todos pagassem os impostos direitinho, a carga no Brasil chegaria a 60% do PIB — afirma Neri. Para compensar as perdas na arrecadação, o governo taxa mais a parte formal da economia, opina Aloísio Araújo, professor da FGV.
O problema é que, mantendo a informalidade alta, as escalas de produção permanecem pequenas e limitam o crescimento da economia como um todo, acrescenta. Tratamento especial para os pequenos A obsolescência da legislação trabalhista também faz com que empregadores fujam das leis trabalhistas. Esta é uma das razões para 60% da força de trabalho do país, ou cerca de 48 milhões de pessoas), estarem na informalidade, diz o ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel. — É uma situação extremista e excludente porque cria os trabalhadores com direito a tudo e os que não têm direito a nada — diz. Segundo Everardo, os encargos trabalhistas e previdenciários correspondem a 103,46% da folha de salários — exceto para as empresas enquadradas no Simples.
Ele defende a criação de um Simples Trabalhista, que preserve os direitos trabalhistas, mas trate o micro e o pequeno empregador de forma diferenciada. A proposta é ter alíquotas de FGTS inferiores a 8% para micro e pequenas empresas, que poderiam ainda fracionar férias e parcelar o 13º salário, por exemplo. Hoje existem 5,2 milhões de microempresas formais no país e 10,3 milhões informais, afirma o presidente do Conselho Temático da Micro e Pequena Empresa da Confederação Nacional da Indústria. — As condições são extremamente difíceis para nascer, sobreviver e crescer — diz.
Os negócios informais vivem na eterna clandestinidade, sem acesso a crédito ou possibilidade de fornecer para grandes empresas.

Comentário do Afocefe:



VOLTAR
Print

Em construção

Rua dos Andradas, 1234, 21º andar - Porto Alegre/RS - CEP 90.020-008
Fone: (51) 3021.2600 - e-mail: afocefe@afocefe.org.br