Previdência vulnerável
Editorial Zero Hora
30/06/2006
O impacto do reajuste do salário mínimo nas contas da Previdência dá uma dimensão clara da vulnerabilidade do sistema de seguridade. Mesmo com a melhoria no emprego formal, que favorece a arrecadação, a simples elevação do piso mínimo dos trabalhadores provocou um agravamento preocupante no déficit do sistema. O resultado, devido à variação do valor das aposentadorias e pensões, confirma o quanto o país precisa se manter cauteloso e atento às necessidades de correção nessa área.
Só em conseq¨ência do reajuste do salário mínimo sobre pensões e aposentadorias, o déficit previdenciário em maio elevou-se em 37,5% na comparação com igual mês do ano passado. Em relação a abril último, o aumento foi de 26,7%. O impacto é ilustrativo da dificuldade enfrentada pelo país de remunerar melhor quem ganha menos e quem está na inatividade sem pressionar excessivamente as finanças públicas. Isso porque, mesmo com duas reformas recentes no sistema, o desequilíbrio crônico entre receita e despesa da Previdência segue pressionando o déficit do setor público de maneira geral.
A persistência do descontrole reforça a necessidade de o país implementar correções no sistema. É a forma de evitar que a Previdência venha a se inviabilizar por falta de vontade do poder público de enfrentar as suas mazelas.
Sob esse aspecto, é positiva a preocupação do governo de demonstrar o máximo de transparência nas contas, a começar pela destinação de parte da receita da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF). A transparência na contabilidade é uma precondição para ajustes no sistema que o país não terá como adiar por muito tempo.
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