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Mãos dadas pelo Estado

15/05/2006
A mobilização que a Assembléia Legislativa lidera, com a intenção de atingir todas as áreas do Estado na elaboração de um Pacto pelo Rio Grande, parte de um diagnóstico geral que a história recente se encarregou de tornar indesmentível. O Estado chegou à confluência de três crises de natureza estrutural que se interligam e se somam: a crise das finanças públicas, a crise do modelo de gestão pública e a crise do padrão de desenvolvimento. Diante desse diagnóstico e levando em consideração que todas as principais forças políticas do Estado já tiveram oportunidade de governá-lo sem que nenhuma fosse capaz de encaminhar eficazmente soluções para as três crises, a conclusão inevitável é de que está na hora de uma ação conjunta, articulada, com visão de futuro, para romper os impasses gaúchos.
Por mais desgastado que esteja o termo "pacto", o objetivo que está na base da nova iniciativa é generoso e merece não só a atenção, mas o apoio dos gaúchos. O fato de a iniciativa, que será lançada oficialmente na noite de hoje em Porto Alegre, ocorrer num ano eleitoral e sob a pressão do calendário da campanha pode ser visto como um obstáculo, mas também como um estímulo. Acima e além das turbulências eleitorais e dos interesses imediatistas dos partidos, devem ser postos os interesses de dar viabilidade ao Estado, modernizando seu setor público, dinamizando sua economia e ampliando sua qualidade de vida.
A idéia do pacto para a realização de reformas que interessam a todos não significa o fim das divergências nem o abandono de princípios. A existência de idéias e argumentos distintos precisa ser vista não como um fator de impasse, mas de progresso. Com boa-fé e espírito público é possível a tão esperada "concertação" em favor do Estado, especialmente para dar-lhe condições imediatas de governabilidade. Nada mais natural, neste sentido, que seja o parlamento gaúcho o promotor da iniciativa, pois é essa Casa o desaguadouro natural das tendências políticas e da presença partidária, tendo por isso condições de promover a mobilização das demais forças da sociedade. Cabe, pois, esperar que os partidos políticos e as entidades de trabalhadores públicos e privados, de empresários e profissionais liberais, além dos municípios, dos Coredes e do terceiro setor possam trazer a colaboração de sua inteligência e de seu dinamismo para a construção de um consenso mínimo em torno de reformas e caminhos indispensáveis não só para evitar a falência do Estado, mas especialmente para a construção de um futuro como os gaúchos têm o direito de sonhar.

Obstáculos a remover Para deslanchar, a mobilização liderada pela presidência da Assembléia terá que enfrentar alguns obstáculos, entre os quais a resistência velada do PT, a desconfiança do Judiciário e a disputa de paternidade com entidades empresariais que lançaram projeto semelhante.

Fonte: Zero Hora

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