Por que a greve continua?
NEIVA LAZZAROTTO/ Vice-presidente do CPERS/Sindicato
03/04/2006
Os trabalhadores em Educação, em 30 dias de greve, já deram algumas lições ao Rio Grande e têm em suas mãos, na assembléia geral deste dia 3, a possibilidade de fazer valer, acima da lei, a luta pela vida das pessoas - necessidade pela qual deflagramos esta greve.
A primeira lição foi a confiança em suas próprias forças para lutar. A segunda, a união entre professores e funcionários de escola, demonstrada pelo índice de adesão à greve. A terceira, a persistência e a bravura ante as ameaças de punições e ao discurso do governo da impossibilidade de discutir salário agora. Esses obstáculos foram transpostos!
A força da greve e o forte apoio social obrigaram o governo Rigotto a apresentar a proposta de reajuste salarial de 8,57%, em cinco parcelas até março de 2007. Não só a categoria, mas a própria sociedade a rejeitou. É injusta, desrespeitosa com quem faz a melhor educação pública do país. Os educadores não aceitam migalhas!
Os educadores continuarão a greve se o governo não mudar a proposta nos índices e nos prazos. Não aceitamos o argumento do limite da lei eleitoral, porque diariamente a lei é rasgada em nosso país, quando se quebra o sigilo bancário do caseiro, quando políticos corruptos são inocentados. A lei não pode ser para arrochar e amordaçar os trabalhadores. Esta poderá ser a quarta lição de nossa greve.
Rigotto pode conceder mais, bem mais do que os 8,57% aos educadores, adotando medidas como:
- destinar os valores do reajuste reservado aos servidores da Fazenda para elevar o índice dos baixos salários, afinal sua média salarial é de R$ 7.424,00.
- suspender imediatamente os incentivos fiscais a empresas bilionárias, a começar pela GM, que tem isenção do ICMS por 15 anos desde o governo Britto. (Isto significa que a cada Celta vendido cerca de R$ 2 mil deixam de entrar para os cofres públicos.) Ou a mais recente escandalosa situação: a Gerdau que acaba de inaugurar sua 30ª siderúrgica nas Américas, recebeu ao longo dos últimos anos incentivos da ordem de R$ 1,1 bilhão de reais, sendo que teve um faturamento, em 2005, de US$ 10,9 bilhões.
- pressionar o governo federal pelo ressarcimento imediato das perdas com a Lei Kandir, que visa o não recolhimento de ICMS aos Estados exportadores para equilibrar a balança comercial e pagar a dívida externa, deixando os Estados com suas finanças estranguladas.
- converter parte dos recursos da dívida do Estado com a União para elevar o reajuste salarial dos educadores. São 18% da receita corrente líquida solapados mensalmente pelo governo Lula.
É preciso decisão política e alguns enfrentamentos, não com os de salário miserável, mas com os socialmente privilegiados e beneficiados pelos governos. O povo gaúcho não aceita que o governo Rigotto continue maltratando os educadores. Exige solução!
|
|