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RS: temos de reconstruí-lo

JERONIMO GOERGEN/ Deputado estadual (PP)

16/12/2005
O endividamento do RS com o advento dos últimos empréstimos junto ao Banrisul para o pagamento do 13º salário do funcionalismo estadual é exorbitante. Com o atual empréstimo aprovado pela Assembléia Legislativa, se prevê o pagamento de R$ 67 milhões em juros, levando em conta 1% da taxa Selic. O recurso utilizado pelo Palácio Piratini vai garantir o pagamento de 175 mil matrículas, leia-se servidores, totalizando R$ 320 milhões de socorro do Banrisul. Nos últimos dois empréstimos, 2003 e 2004, o governo desembolsou R$ 130 milhões apenas em juros.
O endividamento público, fruto do modelo arcaico de gestão, não pára por aí. Além dos R$ 200 milhões de juros com os últimos empréstimos para pagar o 13º salário, estima-se que o Executivo tenha utilizado, nos últimos 12 meses, R$ 800 milhões recorrentes dos depósitos judiciais. Os juros, apenas com os depósitos, chegam a R$ 12 milhões. Portanto, urge o tão esperado choque de gestão, premissa e promessa em qualquer campanha eletiva. Pois, que se pese o fato de que a sociedade não vai escolher, em 2006, o candidato menos pior ou mais popular, mas sim aquele que tenha capacidade e coragem de administrar para a recuperação da sucateada máquina pública, que consome a estima dos servidores e diminui a capacidade de renda dos gaúchos. A recuperação do Estado passa por ações nem simples, nem impossíveis: otimização de recursos públicos; recuperação e investimento em infra-estrutura e redução da carga tributária.
O Estado deve ser governado administrativamente, e não politicamente. Um governo, para ter sucesso, tem que conviver e aceitar críticas, pois muitas delas podem ajudar na atuação do administrador. Da mesma forma, o governo precisa aceitar as sugestões de aliados, que às vezes não são ouvidos, como os empresários e os trabalhadores do Vale do Calçado. E, muito mais, ouvir as sugestões que chegam das ruas, dos trabalhadores rurais do campo e da cidade, da população que está cansada da elevada carga tributária, de pagar a Cide para que as estradas continuem esburacadas, de promessas não cumpridas.
E, diga-se, não é chute dizer que o atual modelo é responsável pelo aumento de R$ 1 bilhão da dívida estadual. Não é oportunismo dizer que é preciso gestão, administração. Pois a bancarrota do setor coureiro-calçadista não é apenas conseqüência do frenesi cambial ou mesmo do contrabando de produtos chineses, mas também do vilão chamado aumento de ICMS.
O RS não quer mais eleger governos de constatação, aqueles que colocam a culpa no antecessor; a sociedade exige reação. Por isso, o sentimento é de tristeza quando escutamos o secretário de Desenvolvimento dizer que "se tivesse uma fábrica de calçado iria para o Nordeste", como ocorreu em programa da RBS TV.

Fonte: Zero Hora - Artigos Data: 16/12/05

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